- FUGA IMPOSSÍVEL: TAL PAI, TAL FILHO

Quando crianças passamos pela fase de dependência dos pais, onde os idolatramos e tudo que eles falam é certo. - Ah, vou perguntar pros meus pais: Paiê, Manhê..

Depois na fase adolescente morremos de vergonha de tudo e eles não sabem nada: -Ai mãe que mico. -Pai, não é nada assim!

E aí chega a fase da juventude onde a independência mostra o balanço entre o lado crítico e o consensual.

Agora, aos trinta e poucos me assusto como paulatinamente estou ficando parecida com eles. A balança do equilíbrio está pendendo para o lado negro da parada.

No trabalho falo: Fulana, desliga a luz! Você é sócia da Light? (quem nunca ouviu isso do pai?). No mercado também analiso a relação custo/benefício de certos produtos em segundos, igualzinho meu pai.

Minha mãe, sempre que mandava a empregada fazer cachorro quente, pedia pra ela picar a salsicha. Ai, que raiva. Achava isso uma pobreza e brigava: É pra render mãe??? Arg! Daí outro dia me vi feliz fazendo cachorro quente, e quando me dei conta, lá estava eu picando em pedacinhos a salsicha. Como assim? Ah, pra salsicha absorver mais molhinho. Ui!

E a chave do carro? Nunca acho na hora que quero sair, igualzinho minha mãe. E olha que isso sempre me irritou horrores.

Então outro dia falei que no meu trabalho tinha uma “garotada” e quase apanhei da Paula. Garotada??? Coisa de velhote!! É verdade. Palavras da minha mãe. Eu podia ter falado uma galera novinha, uma cabeçada de 20 anos. Mas não, falei garotada.

Daqui a pouco vou começar a dançar só com os ombrinhos, como meu pai faz, vou acordar as cinco da manha e começar o dia animadíssima, sem o sol nem ter nascido direito, vou vestir roupa esportiva tipo de ginástica no final de semana, afinal é dia sem trabalho. E nem sei o que mais...

Socorro!!

Dani Uzeda

http://daniuzeda.blogspot.com